Um velho,
Quis largar os apoios e andar de encontro à noite.
Ao longe notava aquilo que antes não enxergava por sua pouca visão.
A poeira vermelha que se levantava distante,
E o sol que sempre brilhou para ele, naquele instante viu que era real.
O dia caía,
O velho falava e chorava baixinho,
Com a alma ausente, com os olhos banhados,
Seguia a recordação de mitos passados.
O velho murmurava que sofrera as injúrias dos anos,
Não notando a presença de tantas pessoas ao seu lado,
Embriagado por mágoas, não os via.
Quantos e quem se aproximava.
Quantos e quem se aproximava.
E o velho dizia, olhando longe:
- Porque ainda estou vivo?!
Cambaleante, mais uma vez não notava tantos apoios que tinha!
Aquelas pessoas os seguiam em vigília,
Com devoção!
Uma em especial segurava sua Mao.
Com a delicadeza de uma princesa.
Ela era sim, uma princesa.
Enfim, ele pára e diz ao vento:
- Veja por andei, nesta planície, até onde se perde,
Cresciam as árvores e tudo era verde,
Caía à chuva, marcavam os sóis,
O ritmo do homem e das estações.
Agora todos os contemplavam,
Seu olhar ainda era triste,
Olhos que enxergaram tantas coisas.
O silencio se quebra:
- Quero ir embora, não tenho com quem conversar.
Em coro, a multidão que o seguia,
E que se alimentavam de cada história contada por ele durante tantos anos,
E naquele instante enxergavam justamente com seus olhos, coisas jamais imagináveis!
Tudo que viveu de mais belo.
Iluminados com tanta beleza que viam,
Entoaram em coro:
- Adoramos suas histórias, contem-nos outras!
Assustado com tantas pessoas iguais a ele ao seu redor, as quais não havia notado,
Ao fundo escuta a delicada voz da princesa.
- Estamos com você, vamos, vamos continuar a caminhar.
Agora se percebia alegria nos olhos do velho,
E caminhando foram todos de volta,
Contando estrelas...