sexta-feira, 6 de maio de 2011

Choro

Ensinaram-me que nunca deveria chorar por qualquer coisa,
Que o choro é algo sagrado.

E quando não se sabe o porquê das lágrimas?
O que fazer?!

Hoje até meus poros choram comigo,
Meus fios de cabelo se comovem com minha tristeza,
Tudo em mim chora.
E não vou impedir.

As borboletas que carrego no estômago?
Todas mortas.
Não aguentaram a tristeza de sua dona.

Não sei de onde ela vem,
Mas de uma coisa sei,
Seja de onde vier vou aceitá-la.
Nem o amargo rejeito.
Não sei dizer não.

Quem sabe CHORO hoje,
 Para sorrir amanha?

Amanha,
Este tem demorado a chegar.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Sua


 Eu sou sua,

E te dou o meu corpo, a minha alma e minha orquídea.

Não é correto te desejar tanto,
Mas, é bom mesmo assim.

É necessário que apreendas, é necessário que compreendas,
Que é o meu senhor, é o meu amor.

É a minha loucura.

O meu príncipe encantado,
E eu sou sua.

Vou amordaçar as bonitas sereias,
Matar as mulheres que passarem por seu caminho.
Não resista a mim.

E eu que procurava sempre as chamas, sem me doar,
Queimo para você como uma pagã.

Eu que fazia os homens dançarem,
Danço hoje,
E se existir o eterno,
Somente para você...

Vulgar


Eu sou vulgar,
Charmosa e friorenta.
Quente, amena, quebradiça e nunca saciada.
Frágil, doce e hábil.
Não acredito em minhas promessas e não resisto a carícias.

 Amável, gentil e indispensável.
Carnal, múltipla e flexível.
Inconstante, tocante, grandiosa,
Ardente, charmosa e desconcertante.

Sou linda quando me encontro.
Perigosa quando me procuram.

Suspeita, suspiro, arrepio e lágrimas.
Inquieta, preocupante, extrema, exótica,
Romântica e erótica.

Eterna para quem quero.
Infiel e fiel para quem me merece.

Eu e meus desvios,
Morta por entre as vias,
E mais viva do que nunca.

terça-feira, 3 de maio de 2011

O Velho



Um velho,
Quis largar os apoios e andar de encontro à noite.
Ao longe notava aquilo que antes não enxergava por sua pouca visão.

A poeira vermelha que se levantava distante,
E o sol que sempre brilhou para ele, naquele instante viu que era real.

O dia caía,
O velho falava e chorava baixinho,
Com a alma ausente, com os olhos banhados,
Seguia a recordação de mitos passados.

O velho murmurava que sofrera as injúrias dos anos,
Não notando a presença de tantas pessoas ao seu lado,
Embriagado por mágoas, não os via. 
Quantos e quem se aproximava.

E o velho dizia, olhando longe:
- Porque ainda estou vivo?!

Cambaleante, mais uma vez não notava tantos apoios que tinha!
Aquelas pessoas os seguiam em vigília,
Com devoção!
Uma em especial segurava sua Mao.
Com a delicadeza de uma princesa.
Ela era sim, uma princesa.

Enfim, ele pára e diz ao vento:

- Veja por andei, nesta planície, até onde se perde,
Cresciam as árvores e tudo era verde,
Caía à chuva, marcavam os sóis,
O ritmo do homem e das estações.

Agora todos os contemplavam,
Seu olhar ainda era triste, 
Olhos que enxergaram tantas coisas.

O silencio se quebra:

- Quero ir embora, não tenho com quem conversar.

Em coro, a multidão que o seguia,
E que se alimentavam de cada história contada por ele durante tantos anos, 
E naquele instante enxergavam justamente com seus olhos, coisas jamais imagináveis!
Tudo que viveu de mais belo. 
Iluminados com tanta beleza que viam,
Entoaram em coro:

- Adoramos suas histórias, contem-nos outras!

Assustado com tantas pessoas iguais a ele ao seu redor, as quais não havia notado,
Ao fundo escuta a delicada voz da princesa. 
- Estamos com você, vamos, vamos continuar a caminhar.

Agora se percebia alegria nos olhos do velho,
E caminhando foram todos de volta,
Contando estrelas...

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Segredos

Seria bom viver sem segredos
Mas, faz parte de mim ocultar.
Faz parte de todo ser humano.

Uma deliciosa história,
 Um amigo íntimo,
O alimentar das ilusões.

Durante as xícaras de café nos intervalos do trabalho.
A língua tem a sua vontade;
Nunca há fumaça sem fogo.

Por detrás das ligações.
Por trás do fantasma sobre as ligações.

Por detrás das músicas,
Por detrás de um homem que bebe loucamente...
Aí está: Os segredos.

Sob a aparência de cansaço
O ataque de enxaqueca...

Há sempre outra história,
Há mais do que o olho vê.
Há mais que um coração suporte.

O perfume que remete,
Um livro que não foi devolvido,
Uma foto que não foi apagada,
Uma blusa desbotada.

Tem sempre um segredo cruel,
E uma razão confidencial para isso.


Ascendente em Leao

Em minha juventude há ruas perigosas, cidades taciturnas.
As fugas no vão da noite são silenciosas e quentes.
Porém sempre silenciosas.

Quando noto a escuridão pela janela me transformo.
É o curso para todas as expectativas, é o caminho para todas as possibilidades.
E eu danço na roda daqueles que a sociedade menospreza...
Não mais sozinha, agora junta aos meus.

O espelho do banheiro me olha e pergunta:
- O que você fez de nossas horas?- O que você fez de nossas horas preciosas?
Respondo:
- Aproveito cada gole da vida, cada gota de quem se aproxima, e de quem teima em não me deixar.
Ele se silencia enquanto retoco meu batom.

Em minha juventude, há belas partidas.
Belas, porque sofro.
Sim, isso faz parte do amor...

Protocolo.

Sofro então por regra, também porque eles sempre levam um pedaço de mim.
Sou egoísta por natureza.
Não gosto de nada meu emprestado.

E logo após meus voos em estado de embriaguez de sonhos,
Pouso sem desespero.
Com mil estrelas.
E deixo o fim da história para os pobres de alma, já que...
... Minha história é infinita.

  

A ladra das almas

Disse-me que minha vida não valia grande coisa,
Que murcham feito as rosas.

E o meu tempo se esgota, desliza.. não passa de um bastardo.
Que minhas tristezas... faz seus investimentos.

No entanto disse a mim:... -O seu ódio é uma forma tão estranha de amar!

Seria possível tal devaneio?

Disse-me que o destino debocha de mim.
Que não me dá nada e me promete tudo.

Que faz parecer que a felicidade está ao alcance de minhas mãos,
Então estendo-a e me descubro louca!
Nada pego!


Eu não quero recordar-me mais, já é tarde da noite,
Mas, ainda ouço a sua voz senhora, mas tento não ver seus traços.
'
Seria possível então?

Escondo seu nome por amor a mim,
A rima melhor é ladrão,

Enfim, como não tenho educação:

Dedico estas singelas linhas a Ladra das almas!

Mas ei de me vingar.
Verei as muralhas caírem...
E você....

Você senhora...
 
... eu não sei.

Vou estar a pensar mais em mim.